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A Origem

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Arácio Slughorn
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Mensagem por Minerva Herigonagall Qua Jan 02, 2013 11:09 pm

A Origem Aorigemxd

Autora: Herica P. Camargo

Protagonistas: Godric e Salazar (sem os sobrenomes mesmo)

Censura: 14

Gênero: Fantasia

Obs. Os nomes e as características das personagens são inspirados em HP, porém deixo claro que estes não são exatamente os fundadores de Hogwarts. A escola de bruxaria seria fundada eras mais tarde. Talvez então o mito tivesse inspirado as mães dos fundadores, talvez sejam os protagonistas noutra vida, ficam sugestões à imaginação.
A Origem Ahistriah


Prólogo


“Ora, os filhos de Ilúvatar são elfos e os homens, os Primogênitos e os Sucessores. E em meio a todos os esplendores do Mundo, seus vastos palácios e espaços e seus círculos de fogo, Ilúvatar escolheu um local para habitarem nas Profundezas do Tempo e no meio das estrelas incontáveis.”
O Silmarillion – J. R. R. Tolkien

Desde o começo da quarta era – quando o Um Anel fora destruído – tantas coisas haviam mudado na Terra-média. Os últimos elfos partiram pelos portos cinzentos, assim como os grandes magos. Os anões escondiam-se trabalhando nas profundezas das montanhas. E alguns grupos de orcs ou trolls ainda viviam da má sorte de viajantes solitários que vagavam por terras ermas.

Começava a era dos homens, o tempo em que as gerações mudam rápido, que há doenças e velhice. Mas ao menos naqueles primeiros séculos não houve guerra. As gerações de reis que sucederam Aragorn II, em Gondor, viveram vidas longas e souberam trazer a paz para todos os povos de seu reino.

Mas até mesmo a paz tem seus dias contados. E aqui irei lhes contar sobre o fim dos dias dourados do mundo, sobre fim da terra-média e o começo de uma guerra, cujo final conhecemos, no entanto, sua origem desaparece nas profundezas da história e dos mitos.

Porém, antes de falar sobre o momento crucial em que tudo começou, devo ressaltar que apesar dos elfos terem para sempre abandonado as terras mortais, deixaram aqui seus descendentes mestiços. Homens que transportariam genes élficos a cada geração, frações de beleza e vida prolongada. Características que poderiam ser evidentes ou permanecer ocultas por vários séculos.

Sangue élfico e humano corria nas veias dos irmãos Godric e Salazar, príncipes da grandiosa Gondor, bisnetos do famoso rei Elessar (também conhecido como Aragorn II ou, simplesmente, Passolargo) e da belíssima Arwen. E é sobre estes dois jovens príncipes que irei lhes falar.
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Mensagem por Minerva Herigonagall Qua Jan 02, 2013 11:29 pm

Capítulo I

O sol estaria alto no céu, não fosse pelas nuvens escuras que anunciam a chuva iminente em pleno meio-dia de um verão perdido no tempo. O céu escuro poderia ser o suficiente para que vagar fora dos muros das cidades se tornasse algo perigoso. O mundo poderia estar em paz, mas não paz suficiente para que duas crianças pudessem brincar despreocupadas longe da vista dos pais.

Infelizmente o jovem príncipe Godric demorou a chegar a esta conclusão. Somente se deu conta do preço de sua liberdade ao deparar-se com três enormes orcs Uruk-Hai sorrindo maldosos. Era tarde demais para arrepender-se.

- Salazar, corra! Eu posso distraí-los por algum tempo.

O que não tinha em idade o garoto tinha em coragem. No ápice de sua infância estava pronto para sacrificar-se e salvar o irmão mais novo. Estava pronto para disfarçar o medo e sorrir confiante. No alto de seus oito anos já possuía toda a estrutura de um rei disposto a sacrificar-se por seu povo.

Salazar não obedeceu, suas pequenas pernas tremiam de medo. Os olhos estavam assustados demais para desviar a atenção da coragem do mais velho. O máximo que conseguiu fazer foi esconder-se atrás de uma árvore na borda da clareira onde estavam.

A morte era uma certeza nos pensamentos de Godric. E ele era apenas uma criança, um jovem príncipe aprendendo como a vida poderia ser cruel. Percebia que lutar contra orcs jamais seria como brincar de duelar com seu pai.

Eles eram monstros que não se importavam com a vida alheia. E eram remanescentes daqueles que lutaram em Mordor na última batalha contra elfos e homens. Tudo o que lhes importava era a sede por sangue e poder. Ignoravam que começava a era dos homens e que sua espécie aos poucos se extinguia.

Com suas flechas mal trabalhadas os orcs tentavam acertar o pobre Godric, que bravamente defendia-se com sua miniatura de escudo. Certamente venceriam o garoto assim que estivessem próximos para golpeá-lo com suas espadas. Por mais que nas terras de Gondor os meninos fossem treinados desde cedo nas artes da luta, seria impossível o garoto ter a habilidade de um cavaleiro lendário para escapar com vida de sua maior aventura.

No seu desespero de salvar pelo menos a vida do irmão, Godric retirou da bainha sua pequena e primeira espada. Ela brilhava representando perigo, imitando as armas dos guerreiros de séculos passados.

Porém, seu brilho se intensificou de uma maneira absurda que quase fez o garoto jogar o objeto longe. Definitivamente aquele não era um simples truque dos antigos ferreiros. A luz azul que ganhava forma indicava a magia que não se via na terra-média há mais de um século. Dois orcs fugiram com medo quando ela expandiu-se como um enorme escudo esférico, enquanto o terceiro morreu tentando lutar contra aquela estranha força que emanava das mãos de um garoto de oito anos.

Algo que ia muito além do conhecimento daquelas crianças estava acontecendo.

***

Os dois jovens príncipes retornavam sorridentes para os portões da cidade de Minas Tirith. Em seus rostos e palavras eles expressavam o misto do espanto e alegria de sua sorte absurda.

- Você viu a cara de medo deles?!

- Vi! Eles nem pareciam os mesmos.

- São todos uns covardes. Isso que é verdade.

Naquele momento se faziam de grandes guerreiros e em sua coragem momentânea poderiam até mesmo enfrentar um novo Senhor do Escuro, caso existisse. E quem dera se realmente houvesse, que a Terra-média não estivesse em paz e que os grandes magos ainda estivessem lá. Talvez dessa maneira o futuro não fosse tão terrível para aquelas duas crianças.

Já não muito longe dos portões da cidade a conversa animada cessou. E cada um pensava no que acabara de ver. Não havia dúvidas: era magia.

- Salazar, me promete uma coisa?

- Qualquer coisa para o meu irmão e herói! – o menino ainda sorria sem compreender o olhar do irmão.

Salazar era jovem demais para notar que a Terra-média não era mais a mesma e que ali a magia não seria mais bem-vinda como fora na era dos elfos. O mundo não era como as histórias que sua mãe carinhosamente lhe contara.

- Prometa que não vai comentar sobre isso com outra pessoa.

- Mas...

- Já pensou na bronca que levaremos se mamãe souber que saímos sozinhos da cidade? E... papai não vai gostar nada da ideia de... fazer magia. Você sabe como ele é.

- Magia! – sem saber escolher entre o medo e a empolgação o mais novo optou pela curiosidade – Mas nós somos apenas humanos. Será que você vai virar um Nazgûl? Eles também eram humanos no começo, e foram grandes reis pelo que o papai conta.

- Eu espero que não. Não quero ser mau.

Os garotos percorreram o resto do caminho em silêncio. Seus pensamentos tentavam encontrar nas antigas histórias que escutaram as marcas que a magia deixara. Godric sabia que ela não era um presente comum para humanos e provavelmente não era algo bom.

Só tempos mais tarde, quando seu humor se exaltou novamente a ponto de transparecer em magia, Godric pensou que aquela poderia ser uma herança élfica de sua bisavó, Arwen. Ela fora uma elfa nobre, descendente dos antigos reis élficos, das primeiras eras do mundo.

E as demonstrações de seus poderes apareciam sempre quando o humor do jovem príncipe alterava-se bruscamente. Por vezes fora quase impossível ocultar seu segredo.

E foi assim que alguns anos mais tarde Godric desistiu de fugir da magia e resolveu treiná-la para que esta não fugisse de seu controle. Mas não sabia que passos seguir. Precisaria moldar seu próprio caminho e descobrir em si a intensidade de seus poderes.

Fim do Capítulo I
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Mensagem por Arácio Slughorn Qui Jan 03, 2013 12:17 pm

!
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Mensagem por Fleytwick (Ley) Qui Jan 03, 2013 1:26 pm

*------* cheers
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Mensagem por Mateus Duerre Sex Jan 04, 2013 3:17 pm

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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 6:37 pm

Aron, Ley, agradeço a presença, agora só falta lerem a fic. kk

Mateus, =)


Já venho terminar de postar.

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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 6:50 pm

Capítulo II


Por aqueles anos somente Salazar soube da magia que habitava em Godric. E com o tempo a amizade de infância que outrora fora bela tornou-se apenas uma máscara da personalidade do mais novo. Pois Gondor seria um dia o palco onde seu irmão reinaria e poderia então revelar seu poder ao mundo, enquanto ele estava destinado a ser uma eterna sombra sem qualquer autonomia.

Amava seu irmão, mas consumido pela inveja e pelo egoísmo tomaria suas atitudes. E se dentre todos os dons que Salazar guardava em si houvesse também o dom da Visão o mundo seria outro. No entanto, o jovem príncipe não sabia da tragédia anunciada que era sua vida e assim encarregou-se de alterar o destino da terra-média.

Enquanto Godric aprendia lições de príncipe herdeiro e isolava-se para treinar magia Salazar tramava seus planos.

E quando o mais velho alcançava a idade adulta todos já conheciam o nome da futura rainha de Gondor, aquela que deveria um dia reinar ao lado de Godric. Era costume que príncipes de Gondor se casassem com as princesas de Rohan. Há séculos o sangue daqueles povos irmãos unia-se em um só. E muitos falavam no dia em que do norte ao sul a Terra-média estaria sob o poder de um único rei.

Mas esse dia, embora estivesse próximo, nunca chegou.

Falava-se da bela princesa Rowena para noiva de Godric. Uma mulher jovem e de notável inteligência. Porém, ninguém suspeitava de que seus olhos azuis haviam se encantado, na realidade, pelo verde dos olhos de Salazar. Não havia motivos para suspeitar afinal, ela aceitara sorridente seu noivado com o príncipe herdeiro de Gondor.

Talvez Rowena não fosse a única moça a admirar a beleza do príncipe mais novo. Dizia-se que Salazar era parecido com seu bisavô Aragorn, exceto pelos olhos verdes, herdados de sua mãe. Enquanto Godric possuía olhos castanhos, cabelos num tom de cobre e sua altura destacava-se até mesmo entre os de sua família.

E assim, entre olhares propositalmente disfarçados, Salazar conquistava a mulher que também aprendera a invejar. Como se a princesa fosse uma nova aquisição do irmão.

Foi num dia ensolarado que o primeiro ato da dupla traição foi encenado. A princesa passava os dias daquele verão no castelo de Gondor. Godric passava parte de seu tempo ao lado de Rowena, mas desconversava quando questionado sobre os motivos de isolar-se com frequência.

Ah! se soubesse que naquele segredo residia sua ruína.

Rowena alimentava sua curiosidade e por mais de uma vez pensara em seguir o noivo. Naquele dia então, com a desculpa de quem iria apenas passear nos jardins, a jovem princesa afastou-se da rainha de Gondor, a quem fazia companhia.

Sob o sol quente de um começo de tarde a jovem seguia cautelosamente os passos do príncipe herdeiro. Mal imaginava que naquele instante alguém tomava consciência de seus atos. Não estava distante dos muros da cidade quando assustou-se com a repentina aparição de Salazar.

O rapaz surgira tão de repente diante dela quanto uma chama poderia se alastrar por uma floresta. Acabara de pular dos galhos de uma árvore que fazia sombra naquela antiga rua de pedras.

- Princesa, que surpresa vê-la caminhando sozinha por esta parte da cidade!

- Quer me matar de susto, Salazar? Parece um menino subindo em árvores por aí.

O moreno sorria, sabia muito bem quais eram os objetivos da jovem e que os motivos para estar assustada não se deviam simplesmente à surpresa de sua aparição.

- Me desculpe, Rowena, não era minha intenção assustá-la. Apenas fiquei curioso...

- Pois bem, eu estava apenas caminhando. É minha obrigação como noiva do futuro rei conhecer as terras onde um dia serei rainha. Não concorda?

- Belo discurso! Já visitou as casas de quantos destes homens e mulheres? Lembra-te do nome de algum deles?

A princesa emudeceu diante de tais perguntas. Embora admirasse Salazar, sua relação com o príncipe mais novo não passava de meros cumprimentos formais e conversas corriqueiras. Jamais o imaginaria fazendo críticas, sempre tão quieto e educado. Mas era no silêncio que residia a maior qualidade daquele homem, observador percebia atitudes e detalhes que outros ignorariam.

- Não precisa se assustar ou inventar estórias. Sei o que a traz aqui, princesa. – Como a mulher se manteve em silêncio tornou a falar após alguns segundos. – Sei estava seguindo Godric.

- Eu... Salazar, por favor, não conte ao teu irmão. Apenas fiquei curiosa para saber o que ele faz quase todos os dias que o obriga a sair da cidade.

O jovem sorriu, aquela pequena declaração era tudo que precisava. Era o começo do fim.

- Eu sei o que Godric faz. E digo mais; ele o faz há um bom período de tempo.

Após a pequena declaração saiu andando em direção ao castelo, sua isca fora lançada. Sabia que não há nada mais perigoso do que a curiosidade, e que o maior poder não é o que envolve levitação e cores brilhantes, é o domínio das palavras.

***

- Por Elbereth Gilthoniel! Está dizendo que meu noivo é um feiticeiro? As terras mortais correm perigo com este homem! O que faremos?

A jovem reagia num misto de desespero e desgosto, como Salazar previra. Ele contara o segredo de Godric, mas tomara o cuidado de enfeitar cada detalhe. E assim irmão mais novo quebrara a promessa que manteve por duas décadas, rompera a sinceridade de sua infância rejeitada.

- Não te preocupe, Rowena. Tenho um plano.

- Conte-me tua ideia.

- Antes de te contar aviso que precisarei de tua ajuda. Então quando tudo acabar poderá ser rainha ao meu lado.

Após pestanejar por um breve instante a mulher sorriu. Não havia nada a perder, assim pensava.
Fim do capítulo II
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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 7:03 pm

Capítulo III


Gondor e Rohan estavam repletas de expectativa com a aproximação do casamento real. Exceto pelo pensamento de duas criaturas tudo corria em paz. Até mesmo aqueles que não eram convidados para a cerimonia combinavam comemorações em tavernas e reuniões entre amigos.

O príncipe Godric continuava suas tarefas quase como se cumprisse uma missão divina. Ao longo dos anos adquirira um vasto conhecimento, mas sabia que ainda havia muito a aprender. Durante várias madrugadas frias debruçou-se sobre pergaminhos a anotar seus novos conhecimentos, como se fizesse o diário de bordo de um navio. Por muitos invernos, quando seria quase impossível caminhar pelas ruas cobertas de neve, desbravou os mais empoeirados documentos da biblioteca do castelo. Qualquer registro sobre magos e magia era um raro bem precioso. E foi através desses documentos quase esquecidos que conheceu histórias quase esquecidas do lendário Gandalf.

Não saberia definir se era necessidade, lazer ou vício, mas a magia fazia parte de si. Ela estava em sua alma mais do que em seu DNA. E sua vontade, por diversas vezes, fora gritar ao mundo quem realmente era. Não para se identificar como bruxo poderoso e temível, pois ele mesmo temia a palavra como se fosse física; mas para dizer-se mago, para dizer que poderia resolver problemas que outros julgaram sem solução. Pois, por muitas vezes, em suas lições de príncipe aprendera que para ser um bom rei de nada vale sangue real se a alma não for nobre.

Enquanto seu irmão herdara a aparência do bisavô, Godric herdara a coragem e a vontade de viajar pelo mundo. Ao mais velho não bastava ter o mundo, mas precisava sentir que pertencia ao mundo também.
O casamento, embora fosse mais uma proposta de negócios elaborados pelo pai, ele só aceitou após ver o rosto da princesa (pois a vira anteriormente somente durante a infância). Ela era bela e dona de admirável educação. E encantou-se ao saber que Rowena carregava não somente beleza, mas também o conhecimento raro a uma mulher daquele tempo. E assim aos poucos apaixonava-se pela mulher por quem julgava ser correspondido.

Contava os dias para o casamento e se preparava para o momento em que revelaria seu segredo à esposa. Não deveria haver nada a temer, afinal. E, talvez, em tempos futuros segredos seriam desnecessários. Como era doce o mundo diante de seus olhos naquele último outono!

Assim foi até aquele trágico fim de tarde.

Godric voltava das redondezas da cidade, da última vez que planejara praticar magia antes da cerimonia de casamento. Ao adentrar seu quarto em busca de um breve descanso encontrou a armadilha perfeita para transformar sua vida em ruína. Nada disso lhe ocorreu, entretanto, ao avistar a cena que chocou-se com sua realidade com um baque mais forte do que poderia suportar.

Estaria preparado para enfrentar até mesmo um balrog, nada lhe atingiria mais que a dor da mentira, da traição. Deslealdade não fazia parte de seu mundo de garoto que cresceu demais. E ali, em sua própria cama, diante de seus olhos estavam a princesa Rowena e seu irmão, entregues a luxúria. A boca que outrora ele beijara com carinho e receio de primeiro amor agora beijava vorazmente os lábios de Salazar. E como se não bastassem os beijos, seus corpos seminus tocavam-se com tamanha intensidade que pareciam querer se fundir em um só.

Por um instante não houve reação alguma, como se aquela visão pudesse desfazer-se como uma miragem. Um breve instante em que o tempo parecia ter parado. O casal não tomara consciência de sua presença. Rowena estava de costas e não poderia ver a porta, Salazar poderia facilmente notar Godric, mas como se soubesse de sua presença evitava olhar naquela direção.

Sentindo o peso da traição dupla de repente o mais velho despertou. Mas antes viesse a assassinar a facadas os traidores a fazer o que fez. E assim assassinou não duas vidas, mas um reino inteiro.

- TRAIDORES MALDITOS. RATOS MISERÁVEIS, PREFERIA CONVIVER COM UM SENHOR DO ESCURO A VÊ-LOS AQUI.

O controle de uma vida fugira de suas mãos. E enquanto gritava objetos de todo o quarto começaram a tremer e a cama quebrou-se. Rapidamente a mulher levantou assustada, vestindo suas roupas o mais rápido possível, e demonstrando mau humor xingou também Salazar quase como se não tivesse consciência do que fizera.

- Seu cretino mentiroso. Então este era teu plano infeliz? – abriu a boca para dizer mais, mas como se algo lhe ocorresse saiu correndo do quarto, quase ignorando os objetos enfeitiçados que agora a perseguiam.

Salazar, entretanto, sorria sentindo o gosto antecipado da vitória que não viria. Godric fez movimentos com as mãos e em instantes a cama que jazia quebrada explodiu em chamas. Nesse momento o rei Aratan¹ chegou à porta do quarto (fora chamado por guardas que ao ouvir o barulho da briga não souberam como reagir).

- O que...? Godric? – aquela visão... o fogo surgindo de repente para atacar Salazar, nada lhe fazia sentido. Seria mais um daqueles pesadelos que atrapalhavam seu sono real?

Salazar logo desmanchara seu sorriso como numa encenação detalhadamente ensaiada. Levantou-se da cama rapidamente numa demonstração perfeita de susto e desespero tentando evitar as chamas, embora mal sentisse o calor das mesmas. Tudo ocorria como planejado!

- Pai?! – Godric o olhou assustado sentindo uma nova onda de emoções atingi-lo. Além da raiva havia o medo.

Mas nenhuma reação imaginada na mente dos dois irmãos atingia o nível da tomada pelo rei. Diante da magia terrível e assassina que sempre imaginou em seus mais assustadores pesadelos não soube reagir de outra maneira que não fosse condenar o monstro que julgava ter criado.

- Prendam este feiticeiro! – ordenou quase gritando. – Ele será executado ao amanhecer, antes que a cidade acorde, e seu corpo deverá ser queimado como garantia de que não voltará para nos assombrar. Prendam-no AGORA!

Apesar da ordem inesperada e absurda os guardas do castelo obedeceram diante do grito de seu rei. Foram precisos três homens grandes para arrastar um Godric eufórico até os andares mais esquecidos do castelo. O príncipe era mais alto que todos ali presentes e apesar das facilidades que a magia poderia trazer, ele carregava anos de exercícios físicos, cavalgadas e treinos na arte da guerra, como era obrigação a um rei daqueles tempos. Entretanto, nada assustava mais do que seus gritos desesperados:

- PAAAAAII. NÃO FAÇA ISSO, SOU SEU FILHO. FOI ELE, SALAZAR, ESSE TRAIDOR... PAAI DEIXE-ME EXPLICAR...

Os gritos persistiram por corredores enquanto o bruxo era levado. Mas o rei fingiu ignora-los como fosse um problema insignificante, como se não houvesse escolhido matar o próprio filho. Apesar da dor em sua alma, julgava escolher o caminho certo desconhecendo os pensamentos do filho que lhe restava.

Salazar apenas observava o pai sentindo-se chocado enquanto um nó se formava em sua garganta. Os pensamentos se cruzavam o tempo todo e debatiam ideias e xingamentos. Mas uma parte chamada consciência, ou arrependimento, pesava como as toneladas do ouro que agora seria só seu. Não queria a morte do irmão. O exílio ou um castigo talvez, mas não a morte.

A morte do garoto que um dia salvara-lhe a vida, do adolescente que lhe acompanhara nas mais distantes peregrinações. A morte do irmão que fora seu fiel companheiro de risadas e brincadeiras distantes. Tudo porque descumprira uma promessa, porque não sabia ser tão guerreiro e leal como um rei. Tudo porque Salazar não era Godric.

Pensamentos vitoriosos chocavam-se com a barreira de lembranças repletas de emoções. E o choque de ver a morte tão próxima quebrava aos poucos os planos de frágil cristal que o mais novo construíra com tamanho empenho.

- Não conte nada disso a sua mãe. – foi o último comentário do rei antes de retirar-se daquela sala, o último que Salazar escutara vindo do próprio pai.

Fim do capítulo III


¹Aratan: Um nome que achei na árvore genealógica do Aragorn e resolvi usá-lo, porque queria nomes Tolkenianos para os personage
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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 7:16 pm

Capítulo IV
Em terras distantes de Gondor e Rohan, próxima aos portos cinzentos e ao tranquilo Condado vivia uma família diferente de todas as outras que habitavam aquela região. Seus modos poderiam confundir-se facilmente com a tranquilidade dos vizinhos, entretanto suas origens a destacavam.

Após caminhar sob a mais perigosa montanha e correr através da mais escura floresta o elfo Legolas encontrara um inesperado descanso distante de seu povo. Quando preparava-se para partir rumo às terras imortais deparou-se com o povo de um velho amigo seu. Tratavam-se dos dúnedain, guardiões que vagaram pela Terra-média protegendo-a durante a guerra do Anel. Alguns optaram por viver em Gondor, junto do rei. Outros, entretanto, continuaram sua vida errante em busca de perigos.

E ali naquelas terras quase esquecidas o elfo encontrou um raro tesouro: a fortaleza onde habitavam as belas mulheres daquele povo. Entre elas vivia uma das poucas jovens que não partira para Minas Tirith. Seu nome era Isadora e todos que a conheciam diziam que a filha do novo chefe dos dúnedain tinha aparência e maneiras élficas.

Encantado pela moça que nasceu para ser elfa, Legolas viu o desejo de partir pelos portos cinzentos acalmar-se em seu coração. E assim, ao início da quarta era, formou-se a última e única aliança entre um elfo e uma mulher.

Daquele casamento nasceu a encantadora Helga, que tinha como característica marcante a bondade que habitava seu coração. E mesmo naquelas terras distantes a história daquela jovem haveria de entrelaçar-se com a de nossos protagonistas. Pois ela possuía um dom que teria sido útil à mente repleta de planos do príncipe Salazar, ou à irreparável confiança que o mais velho atribuiu aos que tanto amou.

- O mundo está mudando. – a jovem, aos seus dezessete anos, comentou certa tarde enquanto nobres arruinavam suas vidas numa briga infinita pelo poder – Até mesmo os tempos de paz são incertos.

- O que vê, minha filha? - perguntou a mãe, que apenas tornara-se mais bela com a sabedoria adquirida pelo tempo.

- Um cavaleiro que virá de terras distantes. Não conheço seu rosto, nem seu nome, mas vejo-o carregar um fardo pesado demais em seu coração e um crime nas costas. Mas ele perdeu tudo o que tinha. Por Elbereth! Eu vejo Gondor, e é um belo lugar! Mas cairá e sua ruina começa hoje, com uma traição e uma promessa não cumprida.

Neste instante Helga desmaiou. Não fosse a presença atenta de sua mãe e amiga poderia a jovem ter encontrado também a morte naquele dia obscuro.

Naquela noite Helga ardeu em febre e alucinações. Suas visões, que por vezes alteravam-se bruscamente em questão de segundos, sabiam que haviam encontrado algo que mudaria muito mais do que quatro destinos.

Fim do capítulo IV

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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 7:32 pm

Capítulo V

A noite caiu sobre o castelo como se tivesse peso e forma. A rainha não compreendia a ausência de seu filho mais velho no jantar, apesar da desculpa improvisada pelo rei, tampouco fazia sentido a ela o silêncio dos outros membros de sua família. Em vão questionou-os sem imaginar que era uma benção permanecer na ignorância.

O príncipe Salazar sequer tocou na comida imaginando como seu irmão estaria sendo tratado naquele instante. Teria o direito a uma última refeição? E assim, silencioso e pensativo, sem tocar na própria comida retirou-se para o quarto. E sob a chama fraca das velas que iluminavam os corredores um pensamento lhe ocorreu: precisava fazer algo, não poderia viver com a culpa de ter matado seu próprio irmão.

Com a consciência traindo seus próprios planos ambiciosos o homem mudou de rumo e no lugar de entregar-se ao conforto de seu quarto (e talvez ter nos braços alguma jovem criada) dirigiu-se à cozinha do castelo. Sabia exatamente o que devia fazer.

Ali havia homens e mulheres de variadas idades que compartilhavam uma refeição muito mais simples do que aquela que ele recusara. Desde criança não entrava naquele cômodo, entretanto tudo lhe parecia exatamente igual, a não ser talvez pelo rosto dos criados. Todos pararam o que faziam para observar o príncipe que poderia agora tornar-se rei, e vários se levantaram para reverenciar seu nobre patrão.

- Não precisam se levantar – falou da forma mais educada que poderia conseguir naquele instante – Apenas vim aqui pedir um favor à cozinheira.

Uma mulher de baixa estatura e cabelo grisalho levantou-se e se aproximou do príncipe. Num tom mais baixo o homem finalmente falou:

- Eu gostaria de levar uma refeição ao meu irmão. Onde encontro as panelas e... ?

- O jantar real ainda está quente. Posso resolver isso e arrumar um prato, meu senhor. Mas... o senhor Salazar tem permissão do rei? – perguntou receosa.

- Permissão do rei? Ah, é claro! Ele mesmo me ordenou que viesse!

Mesmo sem compreender, a mulher concordou e rapidamente preparou um prato farto, com carnes, legumes cozidos e pão. Depois disso serviu uma taça do melhor vinho e completou a bandeja com frutas da estação.

- Mas se o senhor desejar, podemos levar. Logo alguém irá levar a refeição dos guardas...

- Refeição dos guardas? Oh, não se preocupe, levarei ela também então!

- Mas senhor...

Vendo o olhar do príncipe, entretanto, a mulher desistiu de questionar, mesmo achando que seria impossível um homem carregar uma bandeja tão pesada. Surpreendeu-se ao notar que estava enganada e que o rapaz possuía a força digna de um cavaleiro lendário. Sequer imaginava que ele não precisava se preocupar nem com metade daquele peso.

Um instante após sair da cozinha o jovem encontrava-se no alto das escadas que levavam às masmorras do castelo. Pegou o pequeno frasco que levava amarrado à cintura e despejou equilibradamente sobre os três copos de cerveja um liquido de um verde tão claro que quase parecia incolor. Um alvo totalmente diferente daquele em que imaginara ao conquistar aquele raro e precioso item.

***

No silêncio de uma cela fria e isolada do mundo Godric refletia tentando encontrar o momento em que poderia ter agido de forma diferente. Mas concluía que seu único erro fora confiar demais naqueles em que qualquer homem naquela situação confiaria. Talvez seus poderes lhe permitissem fugir, mas não sabia se valia a pena viver após ser rejeitado por sua própria família. E para onde iria afinal?

Tudo o que ainda desejava era uma pequena janela para que pudesse avistar pela última vez as terras que tanto amara. As terras onde um dia cavalgara com a liberdade de um menino que não compreende os compromissos da necessidade de voltar para casa. De repente sentia-se um homem velho que viveu e viu demais. Jamais tornaria a ser o jovem Godric apaixonado pela vida.

Naquele instante, contudo, ouviu sons exaltados do lado de fora da cela. Teria chegado sua hora? Sentiu a adrenalina espalhar-se por seu corpo, misturada a um medo que até então desconhecia. O que viria depois? Será que a magia era realmente algo ruim?

Alguns minutos se passaram em que o bruxo esperou por algo que não viria e que conseguiu escutar apenas sons estranhos e trechos de conversas que não pode compreender. Mas ele não se levantou para espiar entre as pequenas grades que ocupavam a parte superior da porta de metal, como uma pequena janela que permitiria aos guardas que o observassem em segurança. Quando o silêncio voltou por um breve instante a porta abriu-se revelando, para surpresa e desgosto de Godric, seu irmão mais novo.

Mais cedo Godric precisara abaixar-se para passar pela porta, mas Salazar passara facilmente carregando a bandeja com a refeição do príncipe renegado e um lampião para tirar o local da quase completa escuridão.

- O que veio fazer aqui, traidor? Rir da desgraça que causou?

- Vim salvar tua vida, irmão. Os guardas...

- NÃO ME CHAME DE IRMÃO. – O mais velho levantou-se sentindo a raiva tomar conta de si novamente. – SALVAR MINHA VIDA? VOCÊ E AQUELA RAMEIRA JÁ ARRUINARAM TUDO QUE EU PODERIA VIVER.

Assustado o mais novo colocou a bandeja no chão. Deveria ter previsto a reação explosiva do irmão, mas ainda pretendia ir até o fim. Os três guardas jaziam mortos do lado de fora da cela, e seu irmão merecia a liberdade que lhe fora retirada. Não desistira de ser rei, mas jamais poderia reinar sabendo que matara seu irmão sem fazer nada para evitar.

- Tenha calma, irm... Godric.

- CALMA? VOCÊ COLOCA TODOS CONTRA MIM E ESPERA QUE EU TENHA CALMA AO VER TEU ROSTO? Fui tolo por uma vida inteira, mas não espere que eu repita meus erros.

- Não há muito tempo. Você deve usar o cavalo que preparei e fugir para longe destas terras. – O mais novo esforçava-se para manter o tom de voz e não se irritar ou gritar as falsas verdades que guardara por uma vida.

- FUGIR? VOCÊ ESPERA QUE EU FUJA DE MINHA PRÓPRIA CASA COMO UM BANDIDO NA CALADA DA NOITE? SEU VERME MISERÁVEL!

Sem pensar em possíveis consequências Godric saltou para perto de Salazar e antes que o mais novo pudesse se defender um punho fechado atingiu seu rosto. Rapidamente gotas de sangue pingavam do nariz quebrado do traidor e a dor o invadia como uma pequena pontada que apenas aguçava o rancor que guardara em seus planos quase perfeitos.

- EU TENHO NOJO DE VOCÊ. – Godric tornou a gritar e em seguida, como se as palavras não bastassem cuspiu na face manchada de sangue. - Fugir? Eu posso fugir, mas serei sempre odiado pelo meu pai, rejeitado pelas mulheres, escória da sociedade. Tudo por causa de um preconceito e de um maldito traidor.

Enquanto falava Godric descontava sua raiva em Salazar, o irmão a quem no começo daquele dia ousaria confiar sua vida. O mais novo estava sem a razão para poder usar argumentos, mas não gostava de apanhar calado. A princípio tentou segurar os braços do mais velho, mas este começou a lhe dar chutes. A força de ambos era equivalente e se houvesse algum expectador diria que a luta era justa.

- Eu não queria te fazer mal. Não... – Salazar foi atingido na boca novamente e sentiu o gosto de sangue misturar-se à saliva – Não imaginava que a atitude de nosso pai seria tão...

- Sempre me disseram que ajo sem pensar. Mas prefiro mil vezes não pensar do que planejar trair o próprio irmão.

- Se vai me matar use magia e seja rápido. Já falou tudo.

Godric foi empurrado contra a parede e levou um soco sobre o estomago ficando sem ar por um instante, em seguida sentiu seu olho esquerdo ser atingido. Mas logo revidou torcendo o braço de Salazar. Ao menos lhe parecia mais digno morrer lutando a morrer sem poder reagir.

- Não! Magia não precisa ser maldade, e não vou usá-la para isso. Se tiver de matá-lo, farei com minhas próprias mãos.

Não era a resposta esperada por Salazar, imaginara que Godric diria que não desejava matá-lo. Mas diante daquelas palavras viu seu instinto lutar pela vida. Entre passos desajeitados a taça de vinho esquecida junto do jantar tombou misturando a bebida com gotas de sangue.

O mais novo prensou o corpo do irmão contra a parede, usando toda a força que possuía. Com uma das mãos apertava o pescoço de Godric, com sorte poderia fazê-lo desmaiar. Talvez pudesse esconder seu corpo desmaiado e o rei pensaria que o filho fugira.

- Godric, meu irmão, eu vim aqui para salvá-lo. Os guardas foram envenenados para facilitar sua fuga. Aproveite enquanto tem tempo e ganhe o máximo de distância possível antes que notem sua falta.

Mesmo que desejasse Godric não conseguiria responder, mal conseguia respirar. Logo a dor cessaria e enfim poderia ser julgado pela justiça de Eru. Mas nesse momento percebeu que entre seu corpo e a parede havia um volume que feria sua coxa sob seu casaco. Lembrou-se da adaga que sempre levava consigo como uma proteção extra.

Em uma atitude de ódio e desespero, sem pensar nas consequências, com esforço conseguiu alcançar o objeto. Duas vezes usou o objeto mortal e belamente decorado para perfurar as costas do irmão mais novo. Acertou lugares próximos, mas distintos.

Diante da dor e da surpresa, Salazar afrouxou as mãos do pescoço de Godric. Seus olhos verdes em desespero fitaram os castanhos do irmão. Sempre tivera medo da morte e jamais pensou que ela realmente estivesse tão perto. Viera salvar o irmão por não querer matá-lo e caíra em uma armadilha do destino. Com a respiração fraca caiu de joelhos e de sua própria boca sentiu o sangue vir. O líquido da vida o abandonava, a vida o abandonava.

- Eu confiava em você, Salazar. Sempre te contei meus medos e segredos. – Godric o observava ainda sem ter se afastado da parede. Sentia-se fraco e precisava se esforçar para falar ou respirar ainda.

Sangue nobre de Gondor tingia o chão de pedra da cela solitária indo em direção à porta. Mas com esforço o mais novo olhou uma última vez para o irmão.

- Fu-ja! Não... não deixe que... a magia abandone o mundo... mortal. Fuja Godric!

Nesse instante o sangue tornou cair da boca de Salazar, quase como se ele houvesse ingerido sangue no jantar, horas mais cedo. E só Então Godric abaixou-se ao lado do irmão percebendo que o mundo jamais seria como antes e sentindo a surpresa da revelação que estava contida naquelas palavras.

- Você... você também é... um bruxo?

Salazar acenou positivamente com a cabeça e então seu corpo tombou sobre a poça de sangue. Sentindo as lágrimas descerem através de suas feridas o mais velho virou o corpo do irmão para que não ficasse de bruços e fechou seus olhos verdes, e o mundo jamais os veria novamente.

Fim do capítulo V
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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 7:43 pm

Capítulo VI


O céu gritava com seus trovões e as nuvens encobriam as estrelas como se lamentassem a queda de um reino milenar. Sem que houvesse uma despedida apropriada a cidade que não parecia ter sido construída por mãos humanas sumia no horizonte, cada vez mais distante do solitário cavaleiro.

Sem levar nada além do próprio cavalo e das roupas que vestia Godric cavalgava para longe dos campos e das florestas onde crescera. Seu caminho era marcado apenas pelas lágrimas que iriam misturar-se às gotas da chuva que agora começava. A chuva vinha para apagar suas pegadas, encobrir a fuga indigna de um homem que tivera alma de rei. Mas nem a pior das tempestades poderia limpar o sangue de Godric e Salazar que ainda estava impregnado nas roupas, e jamais poderia lavar a alma do homem que matara o próprio irmão.

No amanhecer anterior Godric era um príncipe noivo da mais bela princesa da região, herdeiro do trono e amado pelo seu pai. Confiava em seu irmão e sentia-se o homem mais sortudo do mundo. Naquele amanhecer chuvoso tudo era tão diferente. De repente o príncipe fez-se em andarilho, o amigo mostrou-se um traidor e a noiva não o amava. Sua vida deixava de ser um destino traçado por reis e tornava-se uma aventura errante.

***


Em Rohan a princesa Rowena descobriu-se grávida ainda solteira e sem coragem para abortar foi deserdada pelo pai. A mulher viu-se obrigada a trabalhar para cuidar da jovem criança, uma bela menina que recebeu o nome de Helena. Rowena disfarçou sua aparência e viveu o resto de seus dias como a guardiã de uma antiga biblioteca. Condenada a não ser amada por homem algum novamente, guardou seu tempo de esposa para adquirir todo o conhecimento possível.

E assim começou uma guerra de poder por Gondor, entre parentes que se julgavam próximos e bastardos esquecidos. Mas nenhuma daquelas terras jamais foi a mesma e nenhum bruxo reinou novamente. Vivendo de tomar decisões secretas e sendo perseguidos por homens que jamais compreenderam seus poderes, assim cresceu o povo mestiço, descendente de elfos e homens. E esse povo é hoje a população bruxa que optou por esconder sua existência dos trouxas a viver em guerra pela eternidade.

Fim do capítulo VI
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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 7:47 pm

Epílogo
- Eis uma estória que não seria tão estranha se não estivessem diante de mim quatro jovens com os mesmos nomes dos personagens importantes da mesma. – concluiu o velho e sábio Merlin, pois além de seus poderosos feitiços o mago era famoso também por guardar conhecimentos quase esquecidos.

- Isso é absurdo. – exclamou Salazar Slytherin quebrando o silêncio que havia se instalado. – Nosso sangue bruxo é muito mais puro do que o de qualquer trouxa.

- Não é o que diz o conto. – Sorriu Godric Gryffindor olhando para o amigo – Seria até divertido ser descendente de seres imortais. E acho que explica muita coisa!

- Por que após tanto tempo, se isso realmente aconteceu, ganhamos o mesmo nome deles? – comentou Helga Hufflepuff pensativa – Será que nossos pais conheciam a lenda?

- Posso concluir apenas – Rowena Ravenclaw mantinha o olhar perdido no fogo da lareira enquanto falava – que isso significa que nosso destino está marcado para grandes feitos!

Fim




Notas:
I. A guerra a qual me refiro no prólogo (e que tem o trecho na capa) é entre bruxos e trouxas, não a pequena guerra que ocorreu após a morte de Salazar.
II. Espero que todos os termos referentes a SdA tenham ficado claros, mas se não foi possível compreender algo me avisem.
III. Fazia um bom tempo que eu não tentava descrever uma luta ou algo do gênero, então comentem sim e digam se a descrição ficou muito ruim.
IV. E... acho que é isso. Só posso agradecer a todos que leram até o fim e pedir para a Érica que se não vai terminar de avaliar o Chall de Mitologia pelo menos apareça aqui para comentar a fic. *assobia*
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Mensagem por Lady Lazarus Sáb Jan 05, 2013 3:50 pm

É, eu já tinha visto essa fic ser recomendada mais de uma vez, mas por algum motivo nunca tinha lido...
E é, ela faz jus à fama. Não é fácil encontrar crossovers com SdA e menos ainda tão bons. Smile
Btw, acho esse assunto de "origens" das coisas muito interessante pra explorar em fics.
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Mensagem por Minerva Herigonagall Dom Jan 06, 2013 11:09 am

Lady Lazarus escreveu:É, eu já tinha visto essa fic ser recomendada mais de uma vez, mas por algum motivo nunca tinha lido...
E é, ela faz jus à fama. Não é fácil encontrar crossovers com SdA e menos ainda tão bons. Smile
Btw, acho esse assunto de "origens" das coisas muito interessante pra explorar em fics.

Fico feliz que tenha gostado da fic! *-*
Vdd, li bem poucos crossovers com SdA...^^

Obrigada! =)
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Mensagem por Minerva Herigonagall Qua Jan 23, 2013 10:51 am

Accio leitores!
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Mensagem por Kat Qui Jan 24, 2013 5:47 pm

ainda não li Senhor dos Anéis (não que me falte vontade, mas que falte dinheiro hahaha) mas adorei a fic! o epílogo, principalmente, deu um tchãn na história, se é que me entende Wink achei importante ressaltar esse lado do Salazar: ele planejou a queda de Godric, percebeu seu erro e tentou salvar a vida do irmão. e, apesar de Godric querer (e) matá-lo, ele não deixou de aconselhar ao irmão que fugisse e se salvasse. bonita história, parabéns! Very Happy
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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 25, 2013 1:13 pm

Kat escreveu:ainda não li Senhor dos Anéis (não que me falte vontade, mas que falte dinheiro hahaha) mas adorei a fic! o epílogo, principalmente, deu um tchãn na história, se é que me entende Wink achei importante ressaltar esse lado do Salazar: ele planejou a queda de Godric, percebeu seu erro e tentou salvar a vida do irmão. e, apesar de Godric querer (e) matá-lo, ele não deixou de aconselhar ao irmão que fugisse e se salvasse. bonita história, parabéns! Very Happy

Kat, que bom que gostou apesar do final trágico. =)
Entendo, tem muuuitos livros que ainda não li por falta de money.
Mas assim que puder leia SdA, ótimo livro! *-*
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