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Mensagem por Sevérica Snape Seg Dez 31, 2012 3:40 pm

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Mensagem por Sevérica Snape Seg Dez 31, 2012 4:10 pm




Prólogo






A Esquisita é como chamam agora a doce Wendy?

Sim, para mim ela sempre será Wendy. Mas você, pobre tolo... você não teve a dita de conhecê-la, de tocá-la, de percorrer seu corpo e fazê-la gritar de prazer.

Pois bem, tenho o deleite de dizer que o fiz por 47 vezes; mas tenho a triste sinceridade de informar-lhe que qualquer um que ache que a amizade entre Wendelin e o Fogo seja motivo de rotulá-la de esquisita dispõe da minha mais profunda pena. Mas não repulsa. Não creio que alguém com tão pouca flexibilidade mental seja digno da tamanha atenção que a repulsa requer.

Encontrei-me com Wendelin inúmeras vezes, como encontro-me com qualquer um inúmeras vezes, sem reparar, sem lembrar-me de sua existência. Mas posso contar-lhe de quarenta e sete encontros em que toquei-a e fui desarmado – cada um capaz de preencher inúmeros volumes, mas três em particular tão complexos em sua essência que as palavras escapam-me como fumaça (e de fumaça eu entendo). As palavras poucas que sobram são como as cinzas que deixo quando vou me recolher, ou como as brasas. Vazias. São apenas o que não me escapou por entre os dedos (de maneira figurada, claro, levando-se em consideração o fato de eu não ter dedos) e o que formarão o três pequenos capítulos a seguir. Creio que o último seja alguns parágrafos mais longo, visto que tive a audácia de afanar algumas letras que há alguns séculos foram proferidas pela melhor amiga que já tive em mil eras.





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Mensagem por Sevérica Snape Seg Dez 31, 2012 5:01 pm



CAPITULO UM

Loucura de nozes





Combustão.
É de onde me convocam.
Nozes.
São de onde vieram os olhos de Wendy.
Amizade.
É quando seus olhos pegam fogo.
Puras nozes em combustão.

Aquela não fora a primeira vez em que nos vimos.
Aquela não fora a primeira vez em que nos tocamos.
Aquela fora a primeira vez em que nos reconhecemos.

E a loucura aflorou nas nozes. Um sorriso brincou sem seus lábios e meus cabelos se agitaram: era hora da festa.

A fogueira se erguia no centro da cidade, sobre um palco. E eu me erguia sobre a fogueira, em cima de madeira morta.
Na verdade, me erguia sobre várias fogueiras, velas, lamparinas e florestas naquele exato momento, mas a multidão atraíra minha atenção para aquela, em particular. Era no século XV, estavam queimando as pessoas. Portanto, sejamos francos: aquilo não era novidade na Europa daquela época. Apenas fiquei ali na esperança de que não acontecesse.
Mas que tolice. É lógico que aconteceria.
O fogo estava devastador sobre a fogueira, refletindo o interior do ser humano em vermelho azul e laranja.
Uma figura magra e abatida erra arrastada até ali. Não, não era Wendelin. “Magra e abatida” não se encaixa em seu perfil.
Mas sim, ela estava ali. Brincava de pular corda com umas crianças por perto, indiferente ao que acontecia.
Por um momento observei o balanço das cordas e aquela mulher adulta a brincar, mas minha atenção foi atraída para a mulher que choramingava, sendo arrastada para minhas chamas.
Num momento seguinte, todos os rostos se viraram em uma direção, inclusive o da mulher.
Um grito cortou o ar.
– É Wendelin! A maluca!
Todos ficaram por um momento parados, mas depois retornaram ao que estava fazendo. A mulher voltou a chorar e a ser arrastada para minhas entranhas. Sim, ela era inocente.
– Vocês são muito burros! – gritou uma voz vinda do lugar onde brincavam de corda. – Ela não é uma bruxa!
No momento seguinte, o barulho de pés tocando a madeira sob as chamas, o farfalhar da barra de uma saia, uma mulher de longos cabelos castanhos, vestida de um vestido leve rosa claro estava se costas para mim.
– Eu sou.
Mais um momento e uma vassoura voava em sua direção, indo parar com precisão em sua mão esquerda. Ela a manteve em plano vertical, apoiando o pé e nas cerdas e erguendo-se alguns centímetros no ar.
As crianças aplaudiram, os adultos ficaram boquiabertos e Wendy ria.
Ela era louca.
E eu adorava isso.

Quando ela posou não perderam tempo para tentar capturá-la. Ao tocarem-na, porém, foi como se tocassem algo muito quente, pois puxaram as mãos em reflexo. Ela ergueu a cabeça e foi em direção a minhas chamas, que começaram a perder gradativamente o calor, como se estivessem esfriando. Já não me importei, aquilo era normal quando os bruxos iam parar na fogueira. Eu perdia meu poder de queimar. E em nenhuma das vezes impliquei.
Quando ela olhou diretamente para mim pude ver as nozes em seus olhos. E pude ver a loucura refletida neles. E o Fogo refletido na loucura. Ela dirigiu a mim uma piscadela cúmplice e se virou para os homens que tentaram segurá-la.
– Não é qualquer um que encosta em Wendelin.
Com essas palavras, entrou em minhas chamas.




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Mensagem por Sevérica Snape Seg Dez 31, 2012 6:25 pm






CAPITULO DOIS

Vergonha de Leprechauns







Sete.
É sempre o sete.
O número mágico mais poderoso, é o que dizem.
Mas é só um número. Apenas um número, sem poder algum.
Nada além da insanidade da superstição.

Mas este sete fora definitivo.
Como um selo.


Era 7 de julho. Era a sétima vez. Era o sétimo mês.
Wendelin já fora Julieta, Cassandra, Joana, Scarlet, Maria... e agora era Elizabeth. Sua peruca loira lhe caía pelos ombros, soltas do coque, como se tivesse acabado de acordar. Seu dourado era feito de ouro dos Leprechauns: falso. As nozes ainda estavam ali.
Ela chorava num lenço branco com um delicado trançado de renda nas bordas, o que me fez levar mais alguns minutos para ver o castanho claro enlouquecido de seus olhos. Havia naquelas lágrimas uma nota que só eu – que sabia sua verdadeira identidade – via. Uma nota de zombaria, grave como o Dó. Como se a própria zombaria dissesse: eu estou aqui, idiotas.
Naquele dia não haviam muitas pessoas. Era um julgamento fechado e eu ardia no meio de uma sala. Um homem com peruca branca e a postura inflexível como a de um poste lia em voz alta um longo pergaminho com acusações de bruxaria contra uma Elizabeth que não existia.
Como de costume, Wendelin se recusara a ser tocada. Encaminhou-se até mim e, ao se certificar de que estava de costas para todos os outros, direcionou um sorriso para minhas chamas, e em seguida recomeçou a chorar.
Provavelmente ela entraria em minhas chamas e começaria a gritar, como se sentisse um dor insuportável, enquanto as cócegas lhe percorriam o corpo.
Bem, ela entrou nas chamas.
Mas não chegou a gritar.

O barulho de uma porta sendo escancarada com muita força e raiva cortou o ar. Wendelin se virou. O susto de ver seu pai parado ali a fez tirar os pés da fogueira e apagar as chamas que se agarraram às barras de suas roupas.
– Wendelin! – Seu grito não cortada apenas o ar. Rasgara a carne e cortara seu coração.
– Papai! – exclamou assustada. – O que... o que faz aqui?
Mesmo de costas, imaginei o medo em suas nozes. Imaginei-as tornando-se líquidas, prestes a vazarem das órbitas.
– Mais uma vez, Wendelin? – bradou, recortando grandes fatias de desgosto, mastigando-as e cuspindo na face da filha.
Lembro-me de tê-lo visto de uma lareira. Ele me contemplava com um copo de cerveja na mão. Um rapaz franzino entrara, coberto de neve, encolhendo as mãos sob os braços e limpando os pés no carpete de entrada.
– Sua filha nasceu, senhor! – disse o rapaz, sorrindo. O homem permaneceu inflexível.
– Senhor... – repetiu o rapaz – a sua filha... o senhor não vai...
– Você já disse, Mitch – respondeu secamente, mexendo apenas os lábios. – Agora vá.
O jovem saí, com uma expressão atordoada no rosto, para a neve que caía lá fora.
O homem tomou mais um gole de cerveja, e eu me retirei.
– Papai, eu posso...
– Explicar? – interrompeu. Enquanto os olhos se Wendy pegavam fogo, os do pai, também feitos de nozes, pegavam gelo. Mas agora as nozes dela estavam se afogando em lágrimas.
– Papai... – suplicou.
– Wendelin? Wendelin, a maluca? – repetiu atordoado o homem que estava lendo o pergaminho. – Wendelin está morta, senhor, esta aqui é...
– Esta aqui é Wendelin! – urrou o Senhor dos Olhos de Gelo. – É a vergonha que agora vos apresento, senhores!
Wendelin abraçou os próprios braços, como se estivesse amarrada em uma camisa de forças.
– Você me desonra, garota.
Com essa nota final, o Senhor dos Olhos de Gelo saiu.
Wendelin desabou novamente sobre minhas chamas, fazendo as nozes vazarem. Suas lágrimas em mim eram como pontas de cigarro na pele, mas não me importei.
– Esperem aí! – berrou um homem. – Então essa é a amalucada?
Todos riram. Apenas Wendelin chorava.
Aquilo fugia do comum. Em geral, ela era quem sorria quando os outros choravam.
Ela enterrou a cabeça nos joelhos. Aumentei minhas chamas, de modo a envolvê-la por completo, como se a abraçasse. As risadas desdenhosas cessaram perante minha imponência.
– Acabo com eles se você quiser – disse a Wendy. Ela, é claro, não ouviu. Apenas permaneceu chorando em minhas chamas.
Sua mão tentou me segurar, mas não se pode segurar o que está em estado gasoso.
– Não me deixa também – sussurrou.
E eu não a deixaria.



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Mensagem por Sevérica Snape Seg Dez 31, 2012 6:29 pm




CAPITULO TRÊS

Qualquer outro nome






Nunca fui com a cara dos seres humanos. Sempre achei seu instinto nojento. Na verdade, sempre tive repugnância por tamanha sede de poder.
Mas há seres humanos que me agradam. São aqueles que não agradam os outros seres humanos. Aqueles que abandonam a sanidade para viverem dentro de si mesmos. A loucura é realmente fascinante se vista de perto, e são os loucos que me impedem de acabar de vez com esse mundo dominado pelas tolices humanas.
O incidente com seu pai fez com que Wendelin viesse mais quarenta vezes ao meu encontro, refugiando-se na loucura e na esquisitice.
Este encontro que vou agora lhes contar é o de número quarenta e sete.
Seu nome era Viviane. Seus cabelos eram ruivos e seus olhos verdes. Sua loucura ondulava à brisa.
Mas dessa vez haviam olheiras e tristeza. Haviam lágrimas uma decisão. E havia o fim.
Ela se virou para a multidão.
– Vocês continuam sendo tão burros. – Sua voz era baixa e apenas quem estava mais próximo ouviu. Ela não alterou seu tom. – Vocês agem com cada vez mais tolice. os fiz de bestas quarenta e sete vezes e ainda assim isso permanece.
As pessoas que ainda não haviam se calado o fizeram. Não havia a zombaria costumeira no tom de voz de Wendelin, mas suas palavras eram tecidas dela.
– Por dois anos eu tenho tentado – agora seu tom era mais forte, mas ainda assim baixo. A praça era feita de silêncio. – E tenho fracassado. E tenho feito meu povo ter vergonha de mim por eu ter tanto orgulho deles. De nós. E tudo que me sobra é a diversão de zombar em silêncio de trouxas nojentos como vocês. Só me restou a loucura. E amigos.
“Mas quem seria louco de ser amigo de Wendelin, a Esquisita?” ela olhou para minhas chamas no mesmo momento em que um burburinho de espalhou como as pétalas de um dente de leão tocadas pelo vento.
– Wendelin está morta! – berrou um trouxa em farrapos.
– Wendelin nunca morrerá! – rebateu ela. – Porque Wendelin será lembrada por séculos como alguém mais inteligente que todos os trouxas aqui reunidos usando juntos suas mentes!
“Mas Wendelin não agüenta mais” ela retirou a peruca ruiva. “Nem Viviane, nem Maria, nem Elizabeth, nem Scarlet, nem qualquer disfarce. Wendelin está cansada. Tão cansada como se fosse quarenta anos mais velha. Continuem com medo da bruxaria e continuarão matando inocentes. Continue com a tolice que chamam de poder e continuarão sendo feito de bobos.
“Wendelin está destruída. Mas não por vocês. Vocês não são capazes de destruir alguém como ela. Porque ela não tem medo do ridículo, enquanto vocês o praticam com orgulho e repudiam verdades como amor, igualdade, paz e amizade. Wendelin agora quer descansar. E vai descansar sentindo muita pena de vocês.
“Porque eu sou a mesma com qualquer outro nome, com qualquer outras vestes, com qualquer outro rosto e com qualquer outra voz. Mas não seria a mesma com qualquer outro amigo.”
Ela entrou na fogueira, mas não havia feitiço nenhum. Não haviam cócegas. Mas haveria a dor.
– Não se apague – ela sussurrou para mim, como se soubesse o que eu faria no segundo seguinte. – Ao invés de ser o próximo a me deixar, faça-me este último favor.
– Ela é maluca – disse uma senhora de cabelos cor de rato enrolados em uma trança ao redor da cabeça – está falando com o fogo!
– Obrigada – disse Wendelin. – Não poderiam haver palavras mais gentis agora que vou me ver livre de todos.




Aquele era um dos momentos em que o mundo ficava preto e branco e parava. É como se o universo estivesse sufocando. Os segundos se passaram e a bruxa em minhas chamas tornava-se consciente de que aquilo doía. Aquilo queimava e ardia mais do que ela esperara. Na verdade, ninguém nunca esperaria sentir tanta dor.
Fui diminuindo minhas chamas, fazendo-as se perderem entre as lufadas de vento.
– Não apaga! – pediu Wendelin. Mas eu não a mataria. Continuei deixando que as lufadas de vento tirassem minhas chamas de ação. – Incêndio! – exclamou, apontando avarinha e minhas chamas foram forçadas a erguerem-se. As reduzi com a mesma rapidez. Agora só sobravam as brasas.
– Incêndio! – repetiu, mas eu novamente apaguei aquelas chamas.
– Incêndio! – Não adiantaria, eu não mataria Wendy.
– Por favor! Por favor! Incêndio! – Seus olhos encheram-se de lágrimas. Estas se misturaram ao suor formando uma cachoeira de dor. – Por favor. Incêndio! Por favor, fique comigo. Por favor, Incêndio!
As pessoas naquela praça murmuravam entre si. Seria possível que ela realmente acreditava que o fogo era seu amigo? Será que acreditava que ele podia ouvi-la ou falar com ele? “Esquisita, é o que ela é” disse um senhor em tom de quem sabe das coisas. Ele não sabia.
– Incêndio! Incêndio! – exclamava, entre sangue suor e lágrimas misturados e derramados sobre minhas chamas como um molho de pura dor.
– Incêndio! Não vai! – exclamou. Mas eu não ficaria ali. Aquilo estava apenas começando a doer.
– Incêndio! Por favor! Faça isso por mim, me tire daqui! Incêndio! – As chamas que ela acendia sempre se erguiam para longe dela, de modo a não queimá-la e em seguida se apagavam. Os murmúrios aumentavam e a quantidade de pessoas a ver aquilo também. A praça se enchia e algumas gargalhadas pontuavam as suplicas de Wendelin.
Ela mantinha uma chama pequena com a varinha erguida. Era como se brincássemos de cabo de guerra. Ela puxando as chamas para cima e eu as puxando para baixo. A chama que ela conseguia manter era o suficiente apenas pala queimar seus pés.
Ela segurava a varinha com as duas mãos.
Uma gota de sangue escorreu de uma de sua narina.
– Faça isso por mim – pediu, ignorando as gargalhadas que estavam cada vez mais altas. – Deixe que as nozes peguem fogo.
Só o choque de ouvir aquelas palavras poderia ter me feito soltar as chamas e fazer com que se erguessem. O impacto ao soltar foi tão grande que ela caiu para trás.
Como ela sabia que eu associava seu olhos a nozes? Como sabia de coisas como nozes em combustão e olhos em chamas?
– Faça por nós – pediu, com a voz fraca e eu senti, mais que percebi, que essas seriam suas ultimas palavras. –, pelas nozes – Sua voz estava fraca e logo ela não conseguiria mais juntar palavras. – e pela minha liberdade. Preciso de um lugar para enlouquecer em paz. – Ela deitou nas brasas, ignorando a dor. – Preciso enlouquecer em paz.
Sua respiração virou arfadas. Ela continuou deitada em minhas chamas, chorando, queimando. E eu também chorava. Sim, o Fogo chorava. Não são necessárias lágrimas para chorar.
Apenas dor.
E a dor se acumulava com força. Era como se uma represa estivesse prestes a explodir.
E explodiu.


Wendelin parara de respirar e o mundo parara com ela.
Fiquei atordoado alguns segundos com a forma como era suportara a dor até compreender que a dor que havia dentro dela anulava a dor física. Era forte o suficiente para isso.
Mas a fúria do Fogo era realmente forte naquele momento para que eu compreendesse mais que aquilo. Para mim estava claro que aquelas pessoas fizeram com Wendelin uma tortura. Estava claro que haviam culpados pela dor que ela sentia.
E esses culpados riram e zombaram dela sem eu desespero de manter minhas chamas acesas.
E me senti culpado também. Talvez eu a tivesse poupado dessa última humilhação se tivesse deixado que ela erguesse minhas chamas.
E sobre o corpo carbonizado de Wendelin me ergui, mais implacável e temível como nunca. E me espalhei por aquela praça tirando a vida de quase todos ali.
Deixei apenas as crianças. E as mães dessas crianças para que não estivessem sozinhas. Mas todos os que riram, todos os que zombaram, todos os que acharam a dor de Wendy engraçada sucumbiram ali. E doeu muito mais neles.
Aquela fora a primeira vez que matei por vontade própria.
Não faria novamente. Mas também não em arrependo.


Séculos se passaram e eu me culpava e me odiava por ter matado minha melhor amiga.
Aos poucos eu entendia algumas coisas do que aconteceram ali naquelas chamas. Algumas palavras de Wendelin. Mas estava claro que ela me entendia mais do que eu a ela.
Nunca vou esquecer quando ela falou das nozes em chamas. Nunca me esquecerei de quando elas realmente pegaram fogo.
Mas apenas agora, ao escrever essas memórias, eu compreendo as últimas palavras que ela proferira.
Preciso enlouquecer em paz.
Compreendi que ela crescera e vivera sendo um paradoxo. Sua vida fora um frenesi e sua morte não poderia ser menos que isso.
Entendi que eu fora o único que não a julgara, mesmo não sabendo se seria assim se eu estivesse na platéia.
Percebi que ela havia se cansado desse mundo. Que compreendia mais do que as pessoas realmente lúcidas. Que a lucidez não significava algo bom. Não era melhor que a insanidade.
Wendelin escolhera ser louca. Ela quisera a loucura e pagara por isso.
Nunca tivera um pai ou quem a amasse. Alguns a deixavam ser louca e a esses ela era grata.
Mas outros a deixavam por ser louca e isso a destruía, fragmentava.
Eu nunca a compreendera e ninguém nunca a compreenderia.
Mas agora ela está em outro mundo porque não mais suportava esse.
E eu espero que lá a voz dos loucos soe mais alta que trombetas.





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Mensagem por Sevérica Snape Seg Dez 31, 2012 7:13 pm





- FIM -




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Mensagem por Fleytwick (Ley) Ter Jan 01, 2013 7:46 pm

Melhor fic sobre a Inquisição EVER *-*
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Mensagem por Lemos Lupin Ter Jan 01, 2013 9:46 pm

Fillius Fleytwick escreveu:Melhor fic sobre a Inquisição EVER *-*

Concordo plenamente. Erica tem um jeito único de escrever. Sempre me encanta.
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Mensagem por Sevérica Snape Qua Jan 02, 2013 1:49 pm

Ai suas lindas, obrigada *-*
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Mensagem por Lady Lazarus Qua Jan 02, 2013 7:32 pm

Cara!!!!!!!!!!111!
Que fic incrível. De longe uma das melhores e mais loucas que já li. Very Happy Nem sei o que dizer, mas adorei. (não sei fazer comentários decentes :///)
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Mensagem por Sevérica Snape Qui Jan 03, 2013 4:36 pm

Obrigaaada, Lady Lazarus *-------* escrevi essa faz um tempão rs
E amei seu avatar!
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Mensagem por Lady Lazarus Qui Jan 03, 2013 6:03 pm

Ah, o seu é mais legal. Mesmo Exclamation
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Mensagem por Minerva Herigonagall Sex Jan 04, 2013 7:53 pm

Amo essa fic, acho que aproveitarei o fórum para reler pela décima vez. *-*
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Mensagem por Sevérica Snape Sáb Jan 05, 2013 3:19 pm

Aw, Hericatz, sua linda *u*
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