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Mensagem por tambour1ne Dom Fev 10, 2013 8:30 pm



Não é a melhor sensação do mundo sentir que tem algo errado com você.

Mas não era só por isso, e sim... Por tudo. Você entende?

Era um pouco doloroso lembrar-se de entrar por aquele grande castelo pela primeira vez e sentir seu coração socando seu peito de tanta ansiedade... Então você procura algum amigo e.... Não acha.

Mas aí, um ano depois, ele aparece. O nome dela era Gina Weasley, ela era ruiva e sardenta, assim como toda a sua família. Era engraçada e séria ao mesmo tempo. Era forte e sensível. Era água e fogo, calma e agitada. Gina era a bipolaridade. E eu era ao contrário dela. Eu era o fraco, o sensível, a água... Ela era o fogo e eu a pólvora.

Ela era um furacão... E eu apenas uma garoa fraca.

Tudo estava perfeito demais para ser real, quando aquela época de nos apaixonarmos chegou, e algo errado aconteceu comigo. Mas apenas comigo, e eu me perguntava porque tantas vezes... Por que só comigo. Enquanto todas as garotas comentavam sobre os garotos que elas queriam beijar, eu tinha de fingir também gostar de um deles... Porque eu não gostava.

Acho que você já deve saber.

E também já deve presumir o que vem a seguir. Garotas não podem gostar de garotas, isso é errado e estranho. E o medo perturbador de que alguém simplesmente reparasse na forma em como eu ansiava por um olhar dela. De como eu ria de cada besteirinha que ela falava, ou simplesmente sorria ou tempo inteiro quando ela estava por perto.

De como eu a tocava o tempo inteiro.

As melhores partes era a noite, quando furtivamente eu ia parar em sua cama, e me permitia ser eu mesma e abraçá-la enquanto dormíamos. E ela sempre dizia como amava quando eu fazia isso. Mas então, em certas noites, eu não tinha coragem de ir para sua cama pensando em como ela falava no tal de Harry Potter. E então eu apenas chorava e odiava esse garoto em silêncio. Ele nem sequer era tão bonito assim para merecer o amor dela... Ele era baixo demais, tinha o cabelo bagunçado demais e aqueles óculos eram horrendos. Eu queria que aquele garoto morresse. Eu queria que ele parasse de fazê-la sorrir o tempo inteiro, e que parasse de tocar na mão dela.

Mas então, eu ignorava a realidade e voltava para a minha própria.

E vivia dias, semanas, meses e anos em silêncio. E então eu vi seu primeiro amor... Seu primeiro beijo... E todas os outros acontecimentos em sua vida. E o que me dava forças eram os abraços diários dela... Os sorrisos, os beijos, e quando ela andava de mãos dadas comigo pelo jardim de Hogwarts. E quando a noite chegavam eu adaptava essas lembranças ao meu jeito, onde éramos um casal. Tudo em silêncio. Porque era errado. Eu era um erro de fabricação. E então, as vezes eu sentia uma vontade imensa de morrer. Era como se eu simplesmente não pertencesse àquele mundo, era a única explicação cabível à esse problema que eu tinha. Eu gritava... E ninguém ouvia. Eu chorava de desespero... E ninguém via.

Então eu beijei Rony Weasley no baile do quarto ano.

Também beijei-o no dia seguinte.... E também o resto da semana toda. Mas eu não senti absolutamente nada. Eu não ficava nervosa ou com borboletas no estômago. Eu simplesmente não me emocionava com as poucas palavras doces que ele soltava e muito menos me imaginava com ele o resto da minha vida. Porque não era isso que eu queria. Eu não queria leva-lo para minha família e apresenta-lo como namorado. Eu queria levar ela e apresenta-la como namorada. E isso estava me sufocando aos poucos... E tudo piorou quando ela começou a namorar o tal de Potter.

Eu tentei controlar, mas não consegui!

A vontade de deitar-me em qualquer canto e nunca mais acordar nunca bateu tão forte em mim. Meu coração ameaçava explodir em zilhões de pequenos pedaços à cada beijo que eu era forçava a assistir. Os abraços de Rony só me enojavam e tudo me irritava. Nada me satisfazia e tudo em que eu pensava era matar Harry Potter. E então, numa certa noite na sala comunal da Grifinória, quando os meninos finalmente saíram de perto de nós, ela começou a falar sobre Harry, em como ele era bonito e atencioso... Como ele era perfeito.

Era como se ela quisesse me irritar. Parecia quase proposital.

E então eu não aguentei tudo aquilo, e comecei a ofendê-la e a ofender Harry também. Dizer infinitas idiotices, que realmente magoaram-na. Aí eu me arrependi e ouvi em silêncio o sermão que ela me deu. E quando ela terminou e me olhou daquele jeito... Eu afundei na imensidão eletrizante e verde de seus olhos. E então, eu a beijei.

E todos as nove pessoas presentes viram o beijo.

Por mais que eu tente me lembrar de como foi, eu só lembro do rosto surpreso dela. Mas não surpreso de repugnância. Só surpreso. E de como nossas amigas deram gritinhos histéricos, afastando-a de mim. E depois, toda a escola me olhava estranho, e Rony me evitava. E poucos dias se passaram até eu não ter mais nenhum amigo. As meninas que dividiam o dormitório comigo tinham medo e faziam questão de colocar feitiços de proteção ao redor de suas camas.

Ela me dava olhares furtivos, e puxava assunto comigo nos intervalos das aulas. Mas eu a ignorava, por motivos que eu não consigo explicar claramente. O que eu fiz foi impulsivo, não era pra ter acontecido. Então quando nos falamos, eu simplesmente gritei que não gostava de garotas, e que não sei porque tinha lhe beijado. Eu gritei que não gosto dela e que na verdade nunca gostei.

Então ela começou a chorar e não falou comigo por dias, semanas, meses e anos.

Até meu último dia em Hogwarts, quando a porta do dormitório abriu-se para que ela entrasse. Ela ainda estava de uniforme e suas longas madeixas estavam presas em um rabo de cavalo alto, dando destaque ao seu rosto magro e sardento. Virei-me para ela, e era incrível que mesmo de tanto ter rezado, tanto ter implorado para algum Deus... Eu ainda a amava.

- Ouvi falar que você passou na prova... Nunca imaginei que fosse se tornar Auror. – ela começou, receosa. Não soube o que pensar... Já faziam quatro anos que não nos falávamos.
- Nem eu. – respondi.
- Hermione... Eu sei que é tarde mas... Eu vim aqui pedir desculpas por tudo isso que aconteceu, foi um grande mal entendido. Foi uma estupidez ter te evitado por tantos anos por um acontecimento de menos de um minuto. – Novamente, não soube o que pensar.
- Acho que tudo bem. – Gina esboçou um sorriso tímido, assentindo. Mas rapidamente ela assumiu uma postura séria.
- Eu queria te fazer uma pergunta.
- Pode fazer.
- Você sempre gostou de mim, não é? – Desde o maldito momento que bati meus olhos em você. Desde que você sorriu pela primeira vez. Desde que eu ouvi o som do seu riso. Desde sempre.
- Provavelmente. – respondi.
- E por que você nunca disse nada?
- Eu estava assustada. Não é normal ser a única garota de doze anos que gosta de uma garota. – ela esboçou um sorriso novamente.
- Você não era a única. – E então, Gina Weasley fechou a porta do dormitório.
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