Variação de Esmeralda

A lua brilhava cheia e poderosa no céu negro e sem estrelas naquela noite. Tudo parecia ser iluminado pela luz perolada que vinha do alto, e uma leve brisa com cheiro de verde e de água preenchia os pulmões das poucas pessoas que se atreviam a sair para os gramados.
Numa das torres mais altas, no lado oeste do castelo, Helena Ravenclaw encontrava-se serena no centro de um salão grande e circular. As paredes do local eram revestidas por uma tapeçaria azul marinho e bronze e o teto era coberto de estrelas, como que para substituir as que faltavam no céu do lado de fora.

Helena rodopiava de forma harmoniosa pela sala, movendo-se no ritmo de uma variação que enchia o ambiente de forma mágica. Seus cabelos platinados escorriam lisos e brilhantes até a metade de sua coxa. As feições delicadas exibiam um semblante concentrado nos passos da musica, a boca rosada era mastigada pelos dentes branquinhos.
A jovem beirava a maioridade e ainda apresentava movimentos inocentes e infantis, esbanjando uma meiguice e delicadeza que encantava todos os jovens rapazes que iam à sua mãe para pedir sua mão. Mas já havia alguém que lhe roubara o coração.

...

Ela repetia a dança pela quinta vez, e não pretendia parar a não ser que encontrasse o caminho da perfeição, quando a porta abriu-se numa explosão. O rapaz se fez presente, exibindo uma postura pomposa por debaixo da capa preta que lhe cobria os ombros. O maxilar era definido, rígido, largo, quadrado. Os cabelos eram tão negros quanto os da menina eram brancos, e os olhos, aqueles olhos, exibiam um brilho esverdeado que nunca no mundo se viu igual.
Já possuía seus quase trinta anos, e tinha grandes responsabilidades que homens mais velhos nunca pensavam em ter. Entretanto, ao contrário de muitos, Slytherin tinha uma alma jovem e brincalhona (que vezes ou outras era repreendida por sua razão experiente, mas isso não vem ao caso).
Quando falou, sua voz era melodiosa:
– Doce Helena, quantas vezes mais hei de te dizer que tuas mágicas não são páreo para mim? – E sorriu com dentes pequenos e quadrados.
– Salazar, perdoe-me, mas nunca irei desistir até que encontre uma fechadura adequada o bastante para meu salão. – Helena disse, sem qualquer raiva ou rancor na voz. Parara de dançar.
– És mesmo inigualável.
E sem menos, Salazar tomou-lhe os lábios num beijo rápido e sem profundidade