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Limbus Puerorum

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:28 am

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Mérope Gaunt. Angst. Incesto com Tom Riddle filho. R.A.

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:30 am

Engana-se o homem que julga que ao abandonar um sonho, um fiapo de fé, um sentimento, um objeto ou até mesmo uma criatura que tal coisa partirá para sempre do mundo.

Enganam-se os olhos que creem apenas no que suas mãos tocam e enganam-se os corações que acreditam apenas no que sentem.

Tudo que se torna real – tudo que algum dia no que alguém acreditou e abandonou mais tarde – deixa vestígios no subterrâneo.

Talvez Deus, talvez o demônio, talvez as forças ocultas da natureza, não saberia dizer, criou este lugar perdido no tempo-espaço que abriga a sujeira dos seres humanos. Que criam e não sabem desenvolver. Que amam e não conseguem manter. Que sonham e não têm forças para conquistar.

Limbus Puerorum.

E é neste cenário abandonado, deslocado, intocado, sujo e imaculado que uma moça vai aterrissar em sua morte.

Porque nunca foi amada o suficiente em vida para pertencer nem ao céu nem ao inferno.

Bem-vinda ao lar, querida Mérope.

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:34 am

Não conheceu o amor, não conheceu o toque. Conheceu pálida cópia de um casamento feliz. O marido enfeitiçado fugiu ao descobrir que estava ao seu lado por bruxaria.

Conte-me Mérope. Como você se aguenta?

Nem pai nem irmão te olharam nos olhos porque, você sabe, nunca possuiu a beleza necessária para chamar a atenção. E cara Mérope, nunca cantou ou assoviou com voz de bela dama para encantar o coração de algum rapaz.

Mérope! Quem abraçaria Mérope suja e desleixada? Quem amaria Mérope sem cuidados e indesejada? Pra quê sua existência Mérope, por que não parte, por que não morre, por que não trata de queimar para sempre nesta existência pobre e grotesca em que sua alma se encerra...?

Mérope morreu dando a luz.

Amaldiçoou os antigos bruxos de puro sangue que a condenaram àquele para-sempre de sujeira e melancolia.

Pendiam do teto estes fetos encubados em placentas presos por cordões umbilicais. A caverna nunca foi habitada por presença humana. Era úmido.

Se Mérope teve existência nula em Terra, Mérope não mereceu lugar no céu. Mérope podia habitar o inferno, no entanto, até as chamas do inferno foram indiferentes à Mérope.

Os olhos vesguearam pela escuridão. Os pingos de sangue caíam em sua testa deixando vestígios humanos nunca tocados.

Chama de lar o Limbo, Mérope, que o Limbo te acolhe como criança doente.

Resguardou-se no canto, choramingando igual um bicho. Arranhou as paredes e perdeu unhas. Comeu lama e vomitou o nada do estomago. Sentiu frio e fome e enlouqueceria, se pudesse.

Mas a sanidade era sua maior tortura.

Mérope arrancou cabelos com as mãos de aflição, girou no chão sujando o vestido de seda, rasgou os pés em pedras pontiagudas.

Era atemporal. Porque nem sol amanhecia nem lua anoitecia, de forma que Mérope sempre se engasgava com sua própria angustia.

Queria morrer, já estava morta. Queria enlouquecer, já não pertencia a si mesma. Queria voltar, o corpo não aceitou.

Quis o filho.

E um barulho assustador tomou a caverna. Um compassado e um gemido fraquinho se alongavam próximos à saída.

Tum.Tum.

E alguma coisa parecida com um gatinho gemia fracamente.

Tum.Tum.

Mais uma vez a coisa grunhia para chamar a atenção.

Mérope arregalou os olhos e se arrastou até a coisa que era seu filho Tom Riddle.

O feto despencou do teto e foi se unir a ela em seu para-sempre.

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:38 am

Havia uma fenda na caverna. Mérope pegou o bebê Tom nos braços e se agachou. Rasgou a pele para descer da encosta com o bebê em segurança. Ferimentos ardiam e dilatavam, criando feias camadas em verde, preto e vermelho. Os fios dos cabelos caíam fracamente deixando-a com falhas.

Os olhos saltavam das órbitas por causa da magreza.

Mérope, indigna, nunca se olhava no espelho porque o espelho a ofendia. Chorava por dias sempre que mirava seu reflexo.

Querida Mérope, está mais bela agora que não pode se ver. Está humana, a dor te consome, a dor te faz viva, pobre Mérope, quer a morte, mas nem a Morte te quer...

Mérope cansou de pedir aos ancestrais, cansou de pedir aos deuses, Mérope não rezou nunca mais. Mérope chorou em cima do bebê Tom.

Na claridade pôde apreciar sua pele muito pálida e seus braços tremeluzindo. Era um bebê envenenado, um bebê tão condenado quanto ela.

E por serem tão parecidos, Mérope o amou.

Havia um parque de diversões na beira da encosta. Um carrossel fazia um barulho incansável e girava fracamente badalando tão alto quanto podia como se quisesse chamar atenção.

Balões e vassouras e pomos de ouro flutuavam pouco acima de sua cabeça. Árvores enormes e cheias de enfeites pendurados, como bolas de natal, fitas coloridas e estrelas chegavam ao céu. Em suas enormes raízes havia brinquedos ansiando por atenção, quebrados e inteiros.

Caixinhas de música ressoavam melodias. Ursinhos de pelúcia caídos tateavam a esmo pelas suas partes perdidas. Livros se chacoalhavam no alto, cintilando, rasgando suas próprias páginas. Um mundo infantil perdido e largado.

Mérope, doce Mérope, lembra-se de sua infância? Você não podia sair, porque assustava as pessoas, não podia se pintar, porque ficava mais feia, não podia brincar, porque era monstro e não era criança...

Tom, pequeno Tom.

Os brinquedos de todos os bruxos do mundo e suas infâncias abandonadas agora lhe pertencem. Sua mãe, Mérope, comprou o mundo da inocência para você, Tom.

E aos poucos, sendo ninado, o bebê Tom cresceu em berço quebrado de madeira, devorando frutas de arvores e sua aparência mudou. Ele atingiu aproximados dez anos e possuía um corte que ia do rosto até a ponta dos pés em transversal. Como se alguém tivesse passado uma espada por ele.

Seu ferimento pulsava sangue e ganhou um leve tom de pele velha, descascada e enrugada. Como se fosse uma cicatriz irrecuperável.

- Tom. – sussurrou a mãe um dia. – Quer deixar o parque? Quer conhecer o mundo?

Estava mais forte também. Ainda magra e de cabelos sem cuidados, porém, de bochechas mais rosadas.

- Desejo partir sozinho. – sibilou o pequeno Tom. – Já sei me cuidar!

- Deixa-me ao teu lado para o resto da vida, Tom. Porque somos almas, não somos corpo... se vai sozinho e nunca mais volta, ao lado de quem repousarei?

- Não há mais ninguém? – perguntou Tom.

- Não há mais ninguém. – respondeu a mãe.

- Então que este mundo seja como eu quiser.

E partiram de mãos dadas por uma pequena estrada, Mérope cambaleando como uma bêbada e Tom satisfeito por deixar a infância, ganhar o Limbo.

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:41 am

Encontraram uma cratera. Tom desceu pela terra avermelhada escorregando. Mérope subiu o vestido até os joelhos e rolou até o fundo.

Havia um cheiro forte de álcool, nicotina, algo que remetia a plantações e essências diversas. Era um grande lixão. Havia frascos de poções. Cartelas de cigarros e garrafas que cintilavam à luz do sol eterno.

Ingredientes diversos para o preparo de poções, ratos mortos, plantas, pedaços de animais. Cartas, jogos de tabuleiros e tantas outras porcarias que Mérope não conseguia ver o fim do amontoado.

Tapou o nariz porque era insuportável. Destapou uma garrafa já bebida e lançou o conteúdo na boca.

Gira, vida, gira, ilusão, gira, gira. Mérope achou graça na situação e fez trilha até o filho, chamando-o para dançar.

- O que é dança? – perguntou o menino Tom irritado.

A mãe o gira pelo lixo e os pés se ferem em objetos pontiagudos, eles caem na sujeira e o corte de Tom reflete o sol.

- O que há depois daqui? – pergunta Tom para Mérope bêbada.

- Nada! – grita Mérope. – Não existe morte!

- Que é morte?

- Os olhos se fecham e o corpo não se mexe mais. – ensinou Mérope com os cabelos jogados ao lixo.

- Aqui não há morte?

- Não.

- Não posso morrer?

Mérope riu perante a surpresa do menino.

Pequeno Tom, sua mãe lhe ofereceu a imoralidade. Pedisse o mundo, pedisse o amor, pedisse brinquedos, Tom. A única coisa que ela não podia te oferecer é a morte. Por ironia é o que você menos almejava.

- O que você pediria? – perguntou ele.

- Amor. – respondeu Mérope em triste devaneio.

- O que é amor?

O menino Tom aguardou. A mãe estava deitada no lixo. Ela virou o corpo para ele e o apreciou.

Não é tão parecido com o Tom Riddle que a abandonou, Mérope? Não tem os mesmos olhos, os mesmos cabelos e até o mesmo tom de voz?

Ah! Mérope! Não há pecado quando não se pertence nem ao céu nem ao inferno. Não há fracasso nem conquista. Os olhos de Deus te abandonaram, Mérope.

Tom Riddle, seu filho, é apenas seu.

Então Mérope deslizou suavemente os dedos pelo seu corte e quando chegou ao rosto, ela chegou perto de seu filho e o beijou nos lábios.

- Amor. – respondeu Mérope.

Abandona o mundo pelo filho, cria o filho em mundo nenhum, fica junto do filho em qualquer circunstância. Pequeno Tom, isso é amor.

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:43 am

Tom aprendeu o que era amor. E pediu à Mérope para ser dono do mundo. Eles caminharam. Em algum ponto, Tom cresceu pouco mais, ficou moço. O sol os abandonou. A escuridão rastejava lentamente atrás deles como fantasma.

Tom ganhou novo corte. Agora se formava claramente um X em seu corpo. Caminharam de mãos dadas por dias, semanas, meses. Um amontoado de corações humanos batendo em compasso foi visto.

Estavam unidos como um quebra-cabeça perturbador. Não eram todos do mesmo tamanho nem da mesma cor. Mas pareciam se nutrir com o mesmo sangue, ligando-se uns aos outros.

Talvez o Tom menino achasse divertido escalar. Porém, o Tom moço decidiu observar detalhe por detalhe. Queria agradar a mãe-amante Mérope de alguma forma.

Gabou-se por formar organização de corações ao lado, gabou-se por perceber uma conexão que circulava o sangue. Gabou-se e era elogiado, e ser elogiado o impulsionava a gabar-se mais ainda e possuir mais a amante Mérope.

O ressoar dos corações era o único som da habitação de Tom e Mérope. Amaram-se ali pela primeira vez.

- Você vagaria sem mim? – perguntou ele.

- Por que eu o faria?

- Que me importaria ser dono do Limbo se não teria a quem me gabar? Que me importa mudar as regras se não teria a quem controlar? Que me importa ser especial se não haveria alguém para me venerar? – ponderou o jovem Tom.

- Estarei com você até o sol retornar. – sussurrou Mérope na noite sem fim e seus olhos se fecharam.

Os lábios mantinham um sorriso aceso.

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:45 am

Tom cresceu mais cinco vezes. Ganhou marcas de queimadura. Ganhou outro corte. Ganhou coloração de pessoa envenenada. Sua aparência era pior do que quando Mérope chegou à caverna. Não lembrava nem um pouco Tom Riddle pai.

Mérope percebeu. O cheiro dos corações lhe davam náuseas horríveis. A cabeça dilatava e doía sem parar. Ela passava o tempo gemendo feito animal no canto. Vomitava, grunhia e amaldiçoava.

Onde estava seu amado Tom? Onde estavam seus braços de amor na terra-de-ninguém? Onde estava o descanso, a paz e a redenção?

Tom Riddle partiu sozinho pelo Limbo, cansado da amante.

- Vou partir. Existe algo além daqui, mulher mentirosa. Cansei-me de depender.

Mérope, seu destino é habitar sozinha.

Conte-me Mérope, como é ser abandonada pelo filho que morreu oito vezes e na última morte a abandonou no para-sempre?

Mérope, bem-vinda ao lar, querida. Abandonada, perdida, não amada.

Ah! Mérope!

Você não merece céu nem inferno porque nunca foi querida, nem notada, nem amada.

Querida Mérope. Faz do Limbo teu lar para-sempre e para sempre o Limbo vai te ninar.

~~fim

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Mensagem por Debbie Dom Jun 09, 2013 12:47 am

NOTAS:

[+] Cada cenário remete a "coisas abandonadas por seres humanos".

O primeiro cenário são de bebês abortados.
O segundo cenários são de infâncias abandonadas.
O terceiro cenário são de vícios deixados para trás.
O quarto cenário são de corações partidos.

[+] Cada vez que Tom Riddle cresce uma horcrux dele foi destruída.
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